Nos últimos meses, tem-se observado um movimento significativo da China no mercado de matérias-primas. Traders que operam com ouro, petróleo, prata e cobre notaram compras invulgarmente elevadas por parte do gigante asiático. Este fenómeno levanta questões importantes: por que razão a China está a acumular tantas matérias-primas? Quais são as implicações disso para a economia global e os mercados de commodities?
A Estratégia por Trás da Acumulação
A principal teoria é que a China está a preparar-se para resistir a um choque externo duradouro. Este choque pode surgir sob a forma de uma guerra comercial, uma guerra cambial ou até mesmo um conflito militar. Vamos explorar cada um desses cenários e entender como a acumulação de matérias-primas pode ajudar a China a enfrentar esses desafios.
1. Guerra Comercial
Uma guerra comercial, caracterizada pelo aumento drástico nas tarifas do Ocidente, poderia impactar significativamente a economia chinesa. Ao acumular matérias-primas como ouro e petróleo, a China prepara-se para manter a estabilidade económica e resistir às pressões externas.
2. Guerra Cambial
A intervenção dos bancos centrais na economia pode levar a uma guerra cambial. A desvalorização do yuan é uma estratégia que a China pode adotar para manter a competitividade dos seus produtos no mercado global. No entanto, isso também pode levar a uma redução na confiança internacional na moeda chinesa. A acumulação de ouro, um ativo de reserva confiável, ajuda a China a mitigar esse risco.
3. Conflito Militar
O cenário mais grave seria um conflito militar, como uma invasão de Taiwan. A China está a preparar-se para essa possibilidade acumulando reservas estratégicas de matérias-primas essenciais, que garantiriam a autossuficiência durante períodos de sanções internacionais ou conflitos prolongados.
Lições da Rússia
Pequim parece estar a aprender com os erros e sucessos de Moscovo. A Rússia triplicou as suas reservas de ouro entre 2015 e 2022, o que ajudou o país a resistir às sanções ocidentais após a invasão da Ucrânia. A China, maior produtora mundial de ouro, está a seguir um caminho semelhante, acumulando ouro nos mercados globais de forma constante.
Impacto no Mercado de Commodities
As compras massivas da China estão a influenciar os preços das matérias-primas. O ouro, o cobre e a prata atingiram preços historicamente elevados, enquanto o petróleo mantém-se valorizado num mercado turbulento. Estas ações não passam despercebidas e têm implicações significativas para traders e investidores globais.
Petróleo
As estimativas indicam que a reserva estratégica de petróleo da China varia entre 280 e 400 milhões de barris, superando os EUA. A China consome cerca de 14 milhões de barris de petróleo por dia em tempos de paz, e a acumulação atual visa garantir a estabilidade energética do país.
Prata
A prata, com seu duplo uso como metal industrial e ativo financeiro, também está em alta. A China continua a construir grandes quantidades de painéis solares, aumentando a procura por prata. Além disso, a prata é vista como uma alternativa mais barata ao ouro, tornando-se uma escolha estratégica para o país.
Lítio
O lítio é outro componente vital que a China está a acumular. Este material é essencial para baterias e outras aplicações tecnológicas. A China pode controlar um terço de todo o fornecimento mundial de lítio até 2025, segundo estimativas do banco de investimento UBS.
Conclusão
A estratégia da China de acumular matérias-primas é uma preparação para enfrentar múltiplos cenários de conflito. Seja uma guerra comercial, guerra cambial ou um conflito militar, Pequim está a posicionar-se para garantir a autossuficiência e a resiliência económica. Traders, investidores e governos ao redor do mundo devem observar de perto esses movimentos, pois terão implicações duradouras para a economia global e os mercados de commodities.
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